Ver você me
virou do a
vesso
Porcarias de minha lavra e pérolas da lavra alheia. Quando tem tradução, é minha a não ser quando indicado.
Thursday, December 04, 2008
Sunday, October 12, 2008
Ponta-cabeça
A moura torta da fábula:
Horrível bicho-papão
Gosta de comer princesas
A moura torta que não é minha:
Lindo bicho-papão
Não perguntei das princesas
Horrível bicho-papão
Gosta de comer princesas
A moura torta que não é minha:
Lindo bicho-papão
Não perguntei das princesas
Friday, October 10, 2008
may i feel said he
may i feel said he
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she
(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she
(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)
may i stay said he
which way said she
like this said he
if you kiss said she
may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she
but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she
(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she
(cccome?said he
ummm said she)
you're divine!said he
(you are Mine said she)
- e.e.cummings
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she
(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she
(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)
may i stay said he
which way said she
like this said he
if you kiss said she
may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she
but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she
(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she
(cccome?said he
ummm said she)
you're divine!said he
(you are Mine said she)
- e.e.cummings
Thursday, October 09, 2008
Junkie
Como se fosse um poço, que me afoga...
Se abre tua boca, hipnótica, irresistível
A fumaça acre entre os lábios vermelhos
É mais deliciosa do que mil perfumes
Como se fossem rochedos contra os quais
Meu barco afundará sem que ninguém
del guarde o luto nem lhe recolha as velas
Vejo, busco - teus ombros firmes e pálidos
Como se em você houvesse outra geografia
Perigosa e irresistível, cheia de sereias
Que cantam para a ruína dos homens, que
Vão rindo, felizes, rumo a suas mortes.
Se abre tua boca, hipnótica, irresistível
A fumaça acre entre os lábios vermelhos
É mais deliciosa do que mil perfumes
Como se fossem rochedos contra os quais
Meu barco afundará sem que ninguém
del guarde o luto nem lhe recolha as velas
Vejo, busco - teus ombros firmes e pálidos
Como se em você houvesse outra geografia
Perigosa e irresistível, cheia de sereias
Que cantam para a ruína dos homens, que
Vão rindo, felizes, rumo a suas mortes.
Wednesday, October 08, 2008
Butô
No me gustan las imágenes!
Disse-me ela
Chapéu encobrindo o rosto
En las calles de Buenos Aires
Num filme noir chiaroscuro.
Gosto do que é físico,
De músculos que tremem de esforço
De ossos que às vezes se quebram
De gente que sua e se suja!
As imagens não me aquecem.
E por isso, claro menti: não foi
Em filme, película nem fumaça
Que ouvi sua declaração
De amor pelo que existe
De gosto pelo que é tocável.
Pois a Sandra Midori Kanazawa,
Bela morena
Que nada tem de argentina
Nem de heroína noir
No le gustan las imágenes.
Disse-me ela
Chapéu encobrindo o rosto
En las calles de Buenos Aires
Num filme noir chiaroscuro.
Gosto do que é físico,
De músculos que tremem de esforço
De ossos que às vezes se quebram
De gente que sua e se suja!
As imagens não me aquecem.
E por isso, claro menti: não foi
Em filme, película nem fumaça
Que ouvi sua declaração
De amor pelo que existe
De gosto pelo que é tocável.
Pois a Sandra Midori Kanazawa,
Bela morena
Que nada tem de argentina
Nem de heroína noir
No le gustan las imágenes.
Moko
Meus nunca foram os sonetos
Sempre me ri das velhas métricas
Em versos livres xinguei elogios
E joguei fora pentâmeros e rimas.
Mas teus olhos, teus lábios, fronte
Me proíbem sonhar com a liberdade
Então terá catorze linhas teu anel
Linhas rígidas evocando o doce mel
Que encontra bêbado quem te beija
De que lembro quando em você penso
Recebe então, de minha pobre boca
Este pobre poema, de linha tão rija.
Feito por alguém que já é tão sonso
Que fica louco só de olhar tua nuca
Sempre me ri das velhas métricas
Em versos livres xinguei elogios
E joguei fora pentâmeros e rimas.
Mas teus olhos, teus lábios, fronte
Me proíbem sonhar com a liberdade
Então terá catorze linhas teu anel
Linhas rígidas evocando o doce mel
Que encontra bêbado quem te beija
De que lembro quando em você penso
Recebe então, de minha pobre boca
Este pobre poema, de linha tão rija.
Feito por alguém que já é tão sonso
Que fica louco só de olhar tua nuca
Tuesday, October 07, 2008
O que assucedeu
Kalu, Kalu
Tira o verde desses óio de riba d'eu
Kalu, Kalu
Não se esqueça que você já me esqueceu
Kalu, Kalu
Esse olhar depois do que assucedeu
Com certeza só não tendo coração
Fazer tal judiação
Você tá mangando de eu
Kalu, Kalu
Tira o verde desses óio de riba d'eu
Kalu, Kalu
Não se esqueça que você já me esqueceu
Kalu, Kalu
Esse olhar depois do que assucedeu
Com certeza só não tendo coração
Fazer tal judiação
Você tá mangando de eu
Kalu, Kalu
Tira o verde desses óio de riba d'eu
Kalu, Kalu
Não se esqueça que você já me esqueceu
Kalu, Kalu
Esse olhar depois do que assucedeu
Com certeza só não tendo coração
Fazer tal judiação
Você tá mangando de eu
- Humberto Teixeira
Tira o verde desses óio de riba d'eu
Kalu, Kalu
Não se esqueça que você já me esqueceu
Kalu, Kalu
Esse olhar depois do que assucedeu
Com certeza só não tendo coração
Fazer tal judiação
Você tá mangando de eu
Kalu, Kalu
Tira o verde desses óio de riba d'eu
Kalu, Kalu
Não se esqueça que você já me esqueceu
Kalu, Kalu
Esse olhar depois do que assucedeu
Com certeza só não tendo coração
Fazer tal judiação
Você tá mangando de eu
Kalu, Kalu
Tira o verde desses óio de riba d'eu
Kalu, Kalu
Não se esqueça que você já me esqueceu
Kalu, Kalu
Esse olhar depois do que assucedeu
Com certeza só não tendo coração
Fazer tal judiação
Você tá mangando de eu
- Humberto Teixeira
Monday, September 08, 2008
Thursday, July 31, 2008
Besteira pernóstica I
Dez mil budas
Dez mil templos
Cem vezes cem igrejas
Incensos opiáceos subindo de mãos delicadas
Sombras e trevas, que acolhem ou assustam
Roupas brancas, ou rubras como as brasas
Signos obscuros - não se vê o que assinalam
Barbas brancas e pretas e grisalhas.
Chapéus pretos e rubros e dourados
Vozes sonoras e trêmulas e caladas
Espelhos do céu ou espetáculos bem terrenos?
Quenóticos e gnósticos, cismas e guerras santas
Guerras de flores, cruzadas, jihads, reconquistas
a santidade escorrendo das veias dos moribundos
Dez mil templos
Cem vezes cem igrejas
Incensos opiáceos subindo de mãos delicadas
Sombras e trevas, que acolhem ou assustam
Roupas brancas, ou rubras como as brasas
Signos obscuros - não se vê o que assinalam
Barbas brancas e pretas e grisalhas.
Chapéus pretos e rubros e dourados
Vozes sonoras e trêmulas e caladas
Espelhos do céu ou espetáculos bem terrenos?
Quenóticos e gnósticos, cismas e guerras santas
Guerras de flores, cruzadas, jihads, reconquistas
a santidade escorrendo das veias dos moribundos
Thursday, July 24, 2008
Monotropa Uniflora
Uma flor, como um fio de leite no escuro,
crescendo branca daquelas folhas mortas.
Seu nome, não deve a nenhum camponês
A nenhum índio, nenhum caçador, pastora
A ninguém que usasse as coisas que olha:
Eis que é demasiado rara. De uma raridade e
de um valor para além dos rubis e safiras.
Literalmente - porque nunca ela foi colhida
e paga, com preço vil, para adornar caríssima
serenatas apaixonadas de um néscio príncipe.
crescendo branca daquelas folhas mortas.
Seu nome, não deve a nenhum camponês
A nenhum índio, nenhum caçador, pastora
A ninguém que usasse as coisas que olha:
Eis que é demasiado rara. De uma raridade e
de um valor para além dos rubis e safiras.
Literalmente - porque nunca ela foi colhida
e paga, com preço vil, para adornar caríssima
serenatas apaixonadas de um néscio príncipe.
Tuesday, April 15, 2008
Vódega
No copo, é uma água clara
Na boca, a primeira suspeita
Do fogo queimando a cabeça
Dos beijos errados trocados
De passos erados dançados
De palavras erradas lançadas
Fótka! Como se um gigante
Lhe apanhasse e rodopiasse
E o mundo em volta derretesse
Até que vem o sono, a dor
De cabeça, a ressaca enjôo, o
mal estar mais que anunciado
E num passe de mágica, curado
Pelo quê? Por mais um copo
De uma água clara no corpo.
Na boca, a primeira suspeita
Do fogo queimando a cabeça
Dos beijos errados trocados
De passos erados dançados
De palavras erradas lançadas
Fótka! Como se um gigante
Lhe apanhasse e rodopiasse
E o mundo em volta derretesse
Até que vem o sono, a dor
De cabeça, a ressaca enjôo, o
mal estar mais que anunciado
E num passe de mágica, curado
Pelo quê? Por mais um copo
De uma água clara no corpo.
Tuesday, April 08, 2008
Spam, poesia do terceiro milênio
Your girl loves enormous arm but the problem is that you have small one.
Don't worry! You have marvelous chance to solve this trouble.
At present you can increase your main organ size.
You will be a king of bed for sure.
Don't worry! You have marvelous chance to solve this trouble.
At present you can increase your main organ size.
You will be a king of bed for sure.
Thursday, March 27, 2008
Boca
Fugindo da minha boca,
A tua deixa de existir.
E porque quero essa boca
Tenho que inventá-la, esculpir,
Usando meus próprios lábios
Primeiro desenho teus ombros
Para isso, disponho as palavras
À minha frente, como se fossem
E diferentes qualidades de barros.
A escultura que faço começa pela
Simples descrição; é o barro, a base
Descrevendo a forma desses lábios
Um coração que se mexe, se afina
Quando um sorriso se forma atrás
Depois, as cores: algumas berrantes,
Bregas como dizer que são lábios de coral
Outras, mais sóbrias, não são adjetivos
São descrições do efeito hipnótico
Como se não fossem lábios, mas olhos
De cobra que paralisam a presa.
Presa? Que presa? Se eu fosse uma
Não precisaria de poema.
Tuesday, March 25, 2008
No Escuro
Ossos se partem, sem fazer nenhum barulho.
O som abafado pela carne se anula, some,
É ouvido como é visto algo no canto do olho
Como pensamos em comer antes de ter fome.
Outros sons: o gorgolejo, pesado e irregular
Feito pelos pulmões à medida que o ar úmido
Do interior escuro se junta à secura externa
A tentativa de gemido de um corpo acabado
No escuro, todos os pecados são satisfeitos
Todas as paixões laboriosamente encenadas
Algumas, as boas, são demoradas e suadas
Algumas, inconfessáveis, desejos nada belos
Rubros, de um vermelho que não se pode ver
Ásperos em meio à maciez da carne humana
Doces em meio ao amargor de que brotam, na
Treva mais que profunda que mora em cada ser
Monday, March 17, 2008
Speak White!
O poema faz quarenta anos hoje.
Speak white
il est si beau de vous entendre
parler de Paradise Lost
ou du profil gracieux et anonyme qui tremble dans les sonnets de Shakespeare
nous sommes un peuple inculte et bègue
mais ne sommes pas sourds au génie d'une langue
parlez avec l'accent de Milton et Byron et Shelley et Keats
speak white
et pardonnez-nous de n'avoir pour réponse
que les chants rauques de nos ancêtres
et le chagrin de Nelligan
speak white
parlez de choses et d'autres
parlez-nous de la Grande Charte
ou du monument à Lincoln
du charme gris de la Tamise
de l'eau rose du Potomac
parlez-nous de vos traditions
nous sommes un peuple peu brillant
mais fort capable d'apprécier
toute l'importance des crumpets
ou du Boston Tea Party
mais quand vous really speak white
quand vous get down to brass tacks
pour parler du gracious living
et parler du standard de vie
et de la Grande Société
un peu plus fort alors speak white
haussez vos voix de contremaîtres
nous sommes un peu durs d'oreille
nous vivons trop près des machines
et n'entendons que notre souffle au-dessus des outils
speak white and loud
qu'on vous entende
de Saint-Henri à Saint-Domingue
oui quelle admirable langue
pour embaucher
donner des ordres
fixer l'heure de la mort à l'ouvrage
et de la pause qui rafraîchit
et ravigote le dollar
speak white
tell us that God is a great big shot
and that we're paid to trust him
speak white
parlez-nous production profits et pourcentages
speak white
c'est une langue riche
pour acheter
mais pour se vendre
mais pour se vendre à perte d'âme
mais pour se vendre
ah !
speak white
big deal
mais pour vous dire
l'éternité d'un jour de grève
pour raconter
une vie de peuple-concierge
mais pour rentrer chez nous le soir
à l'heure où le soleil s'en vient crever au-dessus des ruelles
mais pour vous dire oui que le soleil se couche oui
chaque jour de nos vies à l'est de vos empires
rien ne vaut une langue à jurons
notre parlure pas très propre
tachée de cambouis et d'huile
speak white
soyez à l'aise dans vos mots
nous sommes un peuple rancunier
mais ne reprochons à personne
d'avoir le monopole
de la correction de langage
dans la langue douce de Shakespeare
avec l'accent de Longfellow
parlez un français pur et atrocement blanc
comme au Viêt-Nam au Congo
parlez un allemand impeccable
une étoile jaune entre les dents
parlez russe parlez rappel à l'ordre parlez répression
speak white
c'est une langue universelle
nous sommes nés pour la comprendre
avec ses mots lacrymogènes
avec ses mots matraques
speak white
tell us again about Freedom and Democracy
nous savons que liberté est un mot noir
comme la misère est nègre
et comme le sang se mêle à la poussière des rues d'Alger ou de Little Rock
speak white
de Westminster à Washington relayez-vous
speak white comme à Wall Street
white comme à Watts
be civilized
et comprenez notre parler de circonstance
quand vous nous demandez poliment
how do you do
et nous entendez vous répondre
we're doing all right
we're doing fine
we
are not alone
nous savons
que nous ne sommes pas seuls.
Speak white
il est si beau de vous entendre
parler de Paradise Lost
ou du profil gracieux et anonyme qui tremble dans les sonnets de Shakespeare
nous sommes un peuple inculte et bègue
mais ne sommes pas sourds au génie d'une langue
parlez avec l'accent de Milton et Byron et Shelley et Keats
speak white
et pardonnez-nous de n'avoir pour réponse
que les chants rauques de nos ancêtres
et le chagrin de Nelligan
speak white
parlez de choses et d'autres
parlez-nous de la Grande Charte
ou du monument à Lincoln
du charme gris de la Tamise
de l'eau rose du Potomac
parlez-nous de vos traditions
nous sommes un peuple peu brillant
mais fort capable d'apprécier
toute l'importance des crumpets
ou du Boston Tea Party
mais quand vous really speak white
quand vous get down to brass tacks
pour parler du gracious living
et parler du standard de vie
et de la Grande Société
un peu plus fort alors speak white
haussez vos voix de contremaîtres
nous sommes un peu durs d'oreille
nous vivons trop près des machines
et n'entendons que notre souffle au-dessus des outils
speak white and loud
qu'on vous entende
de Saint-Henri à Saint-Domingue
oui quelle admirable langue
pour embaucher
donner des ordres
fixer l'heure de la mort à l'ouvrage
et de la pause qui rafraîchit
et ravigote le dollar
speak white
tell us that God is a great big shot
and that we're paid to trust him
speak white
parlez-nous production profits et pourcentages
speak white
c'est une langue riche
pour acheter
mais pour se vendre
mais pour se vendre à perte d'âme
mais pour se vendre
ah !
speak white
big deal
mais pour vous dire
l'éternité d'un jour de grève
pour raconter
une vie de peuple-concierge
mais pour rentrer chez nous le soir
à l'heure où le soleil s'en vient crever au-dessus des ruelles
mais pour vous dire oui que le soleil se couche oui
chaque jour de nos vies à l'est de vos empires
rien ne vaut une langue à jurons
notre parlure pas très propre
tachée de cambouis et d'huile
speak white
soyez à l'aise dans vos mots
nous sommes un peuple rancunier
mais ne reprochons à personne
d'avoir le monopole
de la correction de langage
dans la langue douce de Shakespeare
avec l'accent de Longfellow
parlez un français pur et atrocement blanc
comme au Viêt-Nam au Congo
parlez un allemand impeccable
une étoile jaune entre les dents
parlez russe parlez rappel à l'ordre parlez répression
speak white
c'est une langue universelle
nous sommes nés pour la comprendre
avec ses mots lacrymogènes
avec ses mots matraques
speak white
tell us again about Freedom and Democracy
nous savons que liberté est un mot noir
comme la misère est nègre
et comme le sang se mêle à la poussière des rues d'Alger ou de Little Rock
speak white
de Westminster à Washington relayez-vous
speak white comme à Wall Street
white comme à Watts
be civilized
et comprenez notre parler de circonstance
quand vous nous demandez poliment
how do you do
et nous entendez vous répondre
we're doing all right
we're doing fine
we
are not alone
nous savons
que nous ne sommes pas seuls.
Wednesday, February 20, 2008
Só, acompanhado
Do nada, me crio.
Ao nada, me descrio.
Não há silêncio, aqui
no oco das coisas.
Há uma apreensão,
um medo de nada,
uma coragem quase,
mesmo, perfeitamente
absoluta e irrelevante.
"Se a alma não é pequena"
E se é? O que vale a pena?
Algo? Nada? Tudo, ainda?
E se (e apenas se) eu, ou
talvez outro, tiver agarrado
essa tal de alma,
e jogado fora?
Ao nada, me descrio.
Não há silêncio, aqui
no oco das coisas.
Há uma apreensão,
um medo de nada,
uma coragem quase,
mesmo, perfeitamente
absoluta e irrelevante.
"Se a alma não é pequena"
E se é? O que vale a pena?
Algo? Nada? Tudo, ainda?
E se (e apenas se) eu, ou
talvez outro, tiver agarrado
essa tal de alma,
e jogado fora?
Tuesday, January 29, 2008
Poema sobre a recusa
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.
- Maria Teresa Horta
(Prometo que daqui a pouco volto a postar algo de original.)
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.
- Maria Teresa Horta
(Prometo que daqui a pouco volto a postar algo de original.)
Monday, January 28, 2008
De tchaus
Este foi o nosso último abraço. E quando,
daqui a nada, deixares o chão desta casa
encostarei amorosamente os lábios ao teu copo
para sentir o sabor desse beijo que hoje não
daremos. E então, sim, poderei também eu
partir, sabendo que, afinal, o que tive da vida
foi mais, muito mais, do que mereci.
- Maria do Rosário Pedreira
daqui a nada, deixares o chão desta casa
encostarei amorosamente os lábios ao teu copo
para sentir o sabor desse beijo que hoje não
daremos. E então, sim, poderei também eu
partir, sabendo que, afinal, o que tive da vida
foi mais, muito mais, do que mereci.
- Maria do Rosário Pedreira
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