Thursday, July 31, 2008

Besteira pernóstica I

Dez mil budas
Dez mil templos
Cem vezes cem igrejas

Incensos opiáceos subindo de mãos delicadas
Sombras e trevas, que acolhem ou assustam
Roupas brancas, ou rubras como as brasas
Signos obscuros - não se vê o que assinalam

Barbas brancas e pretas e grisalhas.
Chapéus pretos e rubros e dourados
Vozes sonoras e trêmulas e caladas

Espelhos do céu ou espetáculos bem terrenos?
Quenóticos e gnósticos, cismas e guerras santas
Guerras de flores, cruzadas, jihads, reconquistas
a santidade escorrendo das veias dos moribundos

Thursday, July 24, 2008

Monotropa Uniflora

Uma flor, como um fio de leite no escuro,
crescendo branca daquelas folhas mortas.
Seu nome, não deve a nenhum camponês
A nenhum índio, nenhum caçador, pastora
A ninguém que usasse as coisas que olha:

Eis que é demasiado rara. De uma raridade e
de um valor para além dos rubis e safiras.
Literalmente - porque nunca ela foi colhida
e paga, com preço vil, para adornar caríssima
serenatas apaixonadas de um néscio príncipe.