Tuesday, March 25, 2008

No Escuro

Ossos se partem, sem fazer nenhum barulho.
O som abafado pela carne se anula, some,
É ouvido como é visto algo no canto do olho
Como pensamos em comer antes de ter fome.
Outros sons: o gorgolejo, pesado e irregular
Feito pelos pulmões à medida que o ar úmido
Do interior escuro se junta à secura externa
A tentativa de gemido de um corpo acabado
No escuro, todos os pecados são satisfeitos
Todas as paixões laboriosamente encenadas
Algumas, as boas, são demoradas e suadas
Algumas, inconfessáveis, desejos nada belos
Rubros, de um vermelho que não se pode ver
Ásperos em meio à maciez da carne humana
Doces em meio ao amargor de que brotam, na
Treva mais que profunda que mora em cada ser

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