Acabo de me dar conta de que o meu gosto por filmes é antes de tudo estético. E não é nenhuma coisa de refinamento, ou da estética do filme como obra no tempo, nada disso. É bem brega, pompa e circunstância mesmo. Exemplos:
Hero
Age of Innocence
Visconti em geral
Quinto Elemento
Tigre e o Dragão
PAciente Inglês
Until the End of the World
Porcarias de minha lavra e pérolas da lavra alheia. Quando tem tradução, é minha a não ser quando indicado.
Sunday, December 26, 2004
Nerds de videoclube
Algum diretor de programação teve um enfarte, e os estagiários aproveitaram. Enquanto o sujeito ia pro hospital, tiraram a programação habitual de enlatados de ação, comédias românticas, e musicais antigos colorizados. Puseram no lugar Acossado, Quanto mais Quente Melhor, e Brancaleone.
E assistindo acossado, surgiu uma idéia um tanto estranha (e portanto, provavelmente já tida por outros, discutida, e assunto de tese de doutorado). Godard e Tarantino são extremamente parecidos, apesar das diferenças do meio, dos "different skies" de Frazer. Os dois são, basicamente e acima de tudo, cine-nerds. Fizeram filmes que poderiam ser o resultado de dois tarados por cinema discutindo de madrugada sobre "aquela cena em que aquela atriz gostosa larga o cara e aí..." Começaram pelo policial maravilhoso, depois foram ficando mais doidos até degringolar. A diferença é que a degringolagem do Tarantino, sob a influência da locadora americana, foi no caminho do esquecível, enquanto o Godard do cineminha europeu foi pro inassistível.
E têm toda a pinta de terem, ambos, feito na verdade o que o Tarantino sacaneou uma vez "did I do Uma? Fuck, I spent ten years as a pimply, ugly video clerk. Of course I did her! I fucked every woman on that set!"
E assistindo acossado, surgiu uma idéia um tanto estranha (e portanto, provavelmente já tida por outros, discutida, e assunto de tese de doutorado). Godard e Tarantino são extremamente parecidos, apesar das diferenças do meio, dos "different skies" de Frazer. Os dois são, basicamente e acima de tudo, cine-nerds. Fizeram filmes que poderiam ser o resultado de dois tarados por cinema discutindo de madrugada sobre "aquela cena em que aquela atriz gostosa larga o cara e aí..." Começaram pelo policial maravilhoso, depois foram ficando mais doidos até degringolar. A diferença é que a degringolagem do Tarantino, sob a influência da locadora americana, foi no caminho do esquecível, enquanto o Godard do cineminha europeu foi pro inassistível.
E têm toda a pinta de terem, ambos, feito na verdade o que o Tarantino sacaneou uma vez "did I do Uma? Fuck, I spent ten years as a pimply, ugly video clerk. Of course I did her! I fucked every woman on that set!"
Friday, December 17, 2004
Dream of the Merchant
The air is very still, and smells of hemp and sweat. In an atmosphere that's brighter than it should be, a lamp hangs from the ceiling, a brass affair from whose beak you would expect a genie, not a flame and smoke, to come out. It reminds one of a movie, of that illumination which Hollywood calls darkness.
The man in front of you is fat. Not just fat - immense. Rolls of fat cascade from his neck, and his face stands out as if framed by fat, a small face in a huge head, with yellowish eyes and a coarse, sparse beard which reminds one of pubic hairs. You cannot see him in his entirety, or even his face, but only in glimpses and flashes, perhaps the light isn't as bright as it seemed to be, and it is thus impossible to judge his countenance, if he is angry or serene, joyful or sad.
He is sitting on top of a pile of rolled carpets, and dressed in a rich gown of silk. It is almost impossible, in the dim light (is it dim or not?), to know where the carpets end and his body starts, as if he were a spirit of the carpets, perhaps the genie who's not inside the brass lamp. It is not that which makes him grotesque, however, but his hands, which are fine and almost feminine, slim, impossibly long fingers tapering into short, manicured nails. They wave out of the folds and drapes of his robed arms, as if bearing no connection to the obese head and formless body, tracing figures in the dusty, smoky air.
The hands of merchants resemble their wares. These are not the rough hands of a merchant in rugs and carpets. They are too fine even for a slaver's hands, for a financier, for a dealer in music and illusion. What does the merchant sell, what does he buy? The hands wave, and their waving and weaving looks as if the air itself is a gross thing, which they touch but reluctantly as the long fingers create gestures redolent with meaning.
You cannot help but think souls would be too coarse for those hands
The man in front of you is fat. Not just fat - immense. Rolls of fat cascade from his neck, and his face stands out as if framed by fat, a small face in a huge head, with yellowish eyes and a coarse, sparse beard which reminds one of pubic hairs. You cannot see him in his entirety, or even his face, but only in glimpses and flashes, perhaps the light isn't as bright as it seemed to be, and it is thus impossible to judge his countenance, if he is angry or serene, joyful or sad.
He is sitting on top of a pile of rolled carpets, and dressed in a rich gown of silk. It is almost impossible, in the dim light (is it dim or not?), to know where the carpets end and his body starts, as if he were a spirit of the carpets, perhaps the genie who's not inside the brass lamp. It is not that which makes him grotesque, however, but his hands, which are fine and almost feminine, slim, impossibly long fingers tapering into short, manicured nails. They wave out of the folds and drapes of his robed arms, as if bearing no connection to the obese head and formless body, tracing figures in the dusty, smoky air.
The hands of merchants resemble their wares. These are not the rough hands of a merchant in rugs and carpets. They are too fine even for a slaver's hands, for a financier, for a dealer in music and illusion. What does the merchant sell, what does he buy? The hands wave, and their waving and weaving looks as if the air itself is a gross thing, which they touch but reluctantly as the long fingers create gestures redolent with meaning.
You cannot help but think souls would be too coarse for those hands
Thursday, November 11, 2004
Monday, November 01, 2004
O to be a dragon
O to be a dragon
a symbol of the power of Heaven -- of silkworm
size or immense; at times invisible.
Felicitous phenomenon!
- - - Marianne Moore "O To Be a Dragon"
He who fights too long against dragons becomes a dragon himself; and if you gaze too long into the abyss, the abyss will gaze into you.
- - - Friedrich Nietzsche
Come not between the dragon and his wrath.
- - - William Shakespeare "King Lear " (Chupado pelo Tolkien, no último livro d'O Senhor dos Anéis, com um espectro no lugar do dragão.)
Tenho que assistir Chihiro de novo...
a symbol of the power of Heaven -- of silkworm
size or immense; at times invisible.
Felicitous phenomenon!
- - - Marianne Moore "O To Be a Dragon"
He who fights too long against dragons becomes a dragon himself; and if you gaze too long into the abyss, the abyss will gaze into you.
- - - Friedrich Nietzsche
Come not between the dragon and his wrath.
- - - William Shakespeare "King Lear " (Chupado pelo Tolkien, no último livro d'O Senhor dos Anéis, com um espectro no lugar do dragão.)
Tenho que assistir Chihiro de novo...
Monday, October 25, 2004
A fabulous formless darkness
Time lost is brain lost - de um anúncio sobre tratamento de derrames.
There are souls more sick of pleasure than you are sick of pain.
There's a game of April's fool that's played behind the door
Where the fool remains forever, and the April comes no more.
-GK Chesterton
There are souls more sick of pleasure than you are sick of pain.
There's a game of April's fool that's played behind the door
Where the fool remains forever, and the April comes no more.
-GK Chesterton
Monday, October 18, 2004
Do Onion
um pasquim americano, na página "há não sei quanos anos" do jornal.
"Famed writer William S. Burroughs shoots heroin, wife."
"Famed writer William S. Burroughs shoots heroin, wife."
Wouldn't telepathy be nice?
Not the kind where you read other people's thoughts, or the one where you control them, but the literal meaning - letting other people read your thoughts.
Saturday, October 16, 2004
Thursday, October 14, 2004
Sunday, October 10, 2004
Annie Proulx
É uma escritora americana, bem longe de Nova IorquebostonchicagoElEi. O documentário sobre a nemtãomoçaassim passou hoje na BBC World. As palavras dela são interessantes, as imagens do documentário idem. Os comentários da moça da BBC, por outro lado...
"Golly! She sends her book to the publsher USING THE MAIL."
Também me fez pensar sobre o quanto tudo que temos que saber sobre algo é interdependente. Isso porque o habitat de Proulx (pru) é muito fora do habitat global, que se conhece através da literatura (no sentido mais amplo) comum. Então a repórter ia tentando situar os que assistiam, explicando sobre o aquífero Oglala e côngeneres - e mesmo eu, que não sou exatamente um expert, pensava que muito mais do que só aquilo que era dito existia, que havia toda uma teia de conotações e histórias para além do que era dito, que vai muito além do que ter lido Steinbeck e meia dúzia de parágrafos de texto "Fantástico" podem servir. Ou será que sou eu que estou pirando na batatinha, e isso tudo é irrelevante, que a mente humana, com seu horror ao vácuo, supre esses vazios como queira, e faz novos significados para as palavras, e isso é que é o legal da escrita? Acho que sou eu o puritano fracassado, aí.
"Golly! She sends her book to the publsher USING THE MAIL."
Também me fez pensar sobre o quanto tudo que temos que saber sobre algo é interdependente. Isso porque o habitat de Proulx (pru) é muito fora do habitat global, que se conhece através da literatura (no sentido mais amplo) comum. Então a repórter ia tentando situar os que assistiam, explicando sobre o aquífero Oglala e côngeneres - e mesmo eu, que não sou exatamente um expert, pensava que muito mais do que só aquilo que era dito existia, que havia toda uma teia de conotações e histórias para além do que era dito, que vai muito além do que ter lido Steinbeck e meia dúzia de parágrafos de texto "Fantástico" podem servir. Ou será que sou eu que estou pirando na batatinha, e isso tudo é irrelevante, que a mente humana, com seu horror ao vácuo, supre esses vazios como queira, e faz novos significados para as palavras, e isso é que é o legal da escrita? Acho que sou eu o puritano fracassado, aí.
Wednesday, October 06, 2004
Três estórias - 1
Uma Estória Histórica (ou quase)
Felipe II, rei de França, chamado o Augusto, saudações àquele que lê este texto. Fique ele sabendo que, ao voltarmos do pântano de Bouvines, tendo lá travado batalha com as hostes da Europa, e voltado à tenda, descobri estar lá nosso escudeiro, já deitado com a rainha do mais poderoso reino do presente tempo, que cumpria suas funções conjugais como bem raras vezes havia feito conosco. Foi por nós o escudeiro, como manda o costume, rapidamente privado de suas funções reprodutivas e, momentos após, de suas funções vitais. Sem conseguirmos decidir-nos sobre nossas ações, vagueamos pelo acampamento, certos de que a morte do infeliz pagem seria debitada aos soldados de nosso primo d’Alemanha. A noite, ao cair, encoutrou-nos longe do acampamento, e foi considerado por nós imprudente voltar assim, a noite, quando o marechal havia, certamente, dado ordens para que as sentinelas fossem postadas. Procuramos, portanto, um lugar mais seco da floresta onde pudéssemos dormir, e encontrar em nosso julgamento solução para o problema que se nos havia apresentado.
Caso aquele que estiver lendo este não seja um homem de estado, talvez desconheça ele os problemas apresentados pela imposição a nós de um caráter unicórnico pelo criado, que muito além iam da honra, de resto satisfeita com a entrega feita de sua alma a Lúcifer. Para sermos específicos,fazia a ocorrência com que puséssemos em dúvida a paternidade do filho que a rainha carregava em seu ventre, possível futuro Rei de França.
Ao deitarmos na terra húmida, a exaustão causada pela batalha fez-nos, quase que imediatamente, adormecer. No meio da noite, fomos acordados por uma voz árabe. A voz pertencia, como logo verificamos, a um homem franzino, que recitava trechos de um conto a uma criança. O conto, viemos a saber, falava de um Califa dos sarracenos a quem semelhante desgraça havia acontecido. Resignados, pela moral do longo relato, com nossa condição, voltamos ao acampamento, para descobrirmos ter nossa real esposa, com medo de nossa justiça, se enforcado nos lençóis carmesins. Desiludido com a justiça divina, decidi recolher-me a um convento, e um impostor governa agora o reino de França, sendo eu, irmão Capeto, o mais humilde dos calígrafos do mosteiro de São Germano. Glória seja a do Deus cujos desígnios não compreendemos, como dizem os sarracenos.
e disse Alcuíno, como me lembra o Abade.
Felipe II, rei de França, chamado o Augusto, saudações àquele que lê este texto. Fique ele sabendo que, ao voltarmos do pântano de Bouvines, tendo lá travado batalha com as hostes da Europa, e voltado à tenda, descobri estar lá nosso escudeiro, já deitado com a rainha do mais poderoso reino do presente tempo, que cumpria suas funções conjugais como bem raras vezes havia feito conosco. Foi por nós o escudeiro, como manda o costume, rapidamente privado de suas funções reprodutivas e, momentos após, de suas funções vitais. Sem conseguirmos decidir-nos sobre nossas ações, vagueamos pelo acampamento, certos de que a morte do infeliz pagem seria debitada aos soldados de nosso primo d’Alemanha. A noite, ao cair, encoutrou-nos longe do acampamento, e foi considerado por nós imprudente voltar assim, a noite, quando o marechal havia, certamente, dado ordens para que as sentinelas fossem postadas. Procuramos, portanto, um lugar mais seco da floresta onde pudéssemos dormir, e encontrar em nosso julgamento solução para o problema que se nos havia apresentado.
Caso aquele que estiver lendo este não seja um homem de estado, talvez desconheça ele os problemas apresentados pela imposição a nós de um caráter unicórnico pelo criado, que muito além iam da honra, de resto satisfeita com a entrega feita de sua alma a Lúcifer. Para sermos específicos,fazia a ocorrência com que puséssemos em dúvida a paternidade do filho que a rainha carregava em seu ventre, possível futuro Rei de França.
Ao deitarmos na terra húmida, a exaustão causada pela batalha fez-nos, quase que imediatamente, adormecer. No meio da noite, fomos acordados por uma voz árabe. A voz pertencia, como logo verificamos, a um homem franzino, que recitava trechos de um conto a uma criança. O conto, viemos a saber, falava de um Califa dos sarracenos a quem semelhante desgraça havia acontecido. Resignados, pela moral do longo relato, com nossa condição, voltamos ao acampamento, para descobrirmos ter nossa real esposa, com medo de nossa justiça, se enforcado nos lençóis carmesins. Desiludido com a justiça divina, decidi recolher-me a um convento, e um impostor governa agora o reino de França, sendo eu, irmão Capeto, o mais humilde dos calígrafos do mosteiro de São Germano. Glória seja a do Deus cujos desígnios não compreendemos, como dizem os sarracenos.
e disse Alcuíno, como me lembra o Abade.
Tuesday, October 05, 2004
The truth
I know the truth - give up all other truths!
No need for people anywhere on earth to struggle.
Look - it is evening, look, it is nearly night:
what do you speak of, poets, lovers, generals?
The wind is level now, the earth is wet with dew,
the storm of stars in the sky will turn to quiet.
And soon all of us will sleep under the earth, we
who never let each other sleep above it.
- Marina Tsvetayeva
No need for people anywhere on earth to struggle.
Look - it is evening, look, it is nearly night:
what do you speak of, poets, lovers, generals?
The wind is level now, the earth is wet with dew,
the storm of stars in the sky will turn to quiet.
And soon all of us will sleep under the earth, we
who never let each other sleep above it.
- Marina Tsvetayeva
Monday, October 04, 2004
The light of the mind
A luta dentro das cabeças de Céu e Sem Nome, no Hero, me lembrou desse poema :
This is the light of the mind, cold and planetary
The trees of the mind are black. The light is blue.
The grasses unload their griefs on my feet as if I were God
Prickling my ankles and murmuring of their humility
Fumy, spiritous mists inhabit this place.
Separated from my house by a row of headstones.
I simply cannot see where there is to get to.
The moon is no door. It is a face in its own right,
White as a knuckle and terribly upset.
It drags the sea after it like a dark crime; it is quiet
With the O-gape of complete despair. I live here.
Twice on Sunday, the bells startle the sky ----
Eight great tongues affirming the Resurrection
At the end, they soberly bong out their names.
The yew tree points up, it has a Gothic shape.
The eyes lift after it and find the moon.
The moon is my mother. She is not sweet like Mary.
Her blue garments unloose small bats and owls.
How I would like to believe in tenderness ----
The face of the effigy, gentled by candles,
Bending, on me in particular, its mild eyes.
I have fallen a long way. Clouds are flowering
Blue and mystical over the face of the stars
Inside the church, the saints will all be blue,
Floating on their delicate feet over the cold pews,
Their hands and faces stiff with holiness.
The moon sees nothing of this. She is bald and wild.
And the message of the yew tree is blackness -- blackness and silence
- Sylvia Plath, "The Moon and the yew tree."
This is the light of the mind, cold and planetary
The trees of the mind are black. The light is blue.
The grasses unload their griefs on my feet as if I were God
Prickling my ankles and murmuring of their humility
Fumy, spiritous mists inhabit this place.
Separated from my house by a row of headstones.
I simply cannot see where there is to get to.
The moon is no door. It is a face in its own right,
White as a knuckle and terribly upset.
It drags the sea after it like a dark crime; it is quiet
With the O-gape of complete despair. I live here.
Twice on Sunday, the bells startle the sky ----
Eight great tongues affirming the Resurrection
At the end, they soberly bong out their names.
The yew tree points up, it has a Gothic shape.
The eyes lift after it and find the moon.
The moon is my mother. She is not sweet like Mary.
Her blue garments unloose small bats and owls.
How I would like to believe in tenderness ----
The face of the effigy, gentled by candles,
Bending, on me in particular, its mild eyes.
I have fallen a long way. Clouds are flowering
Blue and mystical over the face of the stars
Inside the church, the saints will all be blue,
Floating on their delicate feet over the cold pews,
Their hands and faces stiff with holiness.
The moon sees nothing of this. She is bald and wild.
And the message of the yew tree is blackness -- blackness and silence
- Sylvia Plath, "The Moon and the yew tree."
Tuesday, September 28, 2004
João Caveira
Script duma estória escrita pro RC desenhar
Cena 1 – cemitério dos ingleses, zona portuária, Rio de Janeiro
JC, sentado num túmulo, falando com o vazio
- ...agora tem uma coisa que eu ainda não entendi. Como diabo cê veio parar aqui?
- Hans. Um marinheiro alemão. Encontrei-o num antro de ópio, pouco antes de morrer. E soube, quando morri, que ele havia morrido aqui, vítima de uma tatuagem mal feita que infeccionou. Já que não ia subir nem descer mesmo...
- E o Hans?
- Apesar de viado e fumar ópio, foi pro céu. E eu fico preso na sepultura dele ao invés da minha, e com essa porra desse viaduto sinto cheiro de fumaça o dia inteiro. Você não teria um café aí, chá, alguma coisa que cheire?
- (levantando) Trago semana que vem...
Plano muda – Oscar Wilde olhando JC se afastar.
Cena 2 – JC, num supermercado, chá, café e baunilha em ampola na cesta. Toca o celular
- Fala.
- Tá
JC paga com um cartão de crédito escrito “Marcos J. Penteado.” Pôster de propaganda do cartão atrás com o mesmo nome.
Cena 3 – Terreiro. JC entra e vai falando com a mãe de santo enquanto cortam o cabelo de uma menina pra fazer o santo.
- Boa noite, dona Odete
- Boa noite, meu filho. Já comeu? (de lado) Traz comida pro nosso hóspede!
- A senhora tava preocupada, no telefone.
- Meu filho, preocupada é o de menos. Começou há três semanas. Desde então, ninguém mais recebe Xapanã. E o que é pior, sem ele já não se encontra cura pra manter vivo quem merece.
- Mas tem filho de Xapanã aqui?
- Mais de quinze. E num é só aqui. Acontece em outros terreiros também. Filho, orixá não morre...
- Estranho mermo. E a senhora acha que eu posso ajudar?
- Acho não, eu sei. Só abre o olho.
-
Cena 4 – JC num bar de uma boate, tipo Lido. Sujeito gorducho chega perto.
G- Hi brother
JC- Eu não sou gringo...
G- Desculpa, achei que era, num sei porquê.
JC- Tá. (volta a beber)
G- O amigo tá aqui só pra beber?
JC – Tava...
G- Não quer uma garota?
JC – Não pagando.
G – Do jeito que os negócios tão, quem vai ter que pagar vou ser eu, daqui a pouco. (Pega uma garrafa de uisque com o barman, se serve, abre a gravata)
JC- Coméquié? Não sabia que tinha rareado gringo atrás de puta nessa cidade.
G – Cliente ainda tem, o problema é outro.
JC – Quem?
G – Um cara novo aí. Diz que é da Bahia. As dele não cobram camisinha. As minhas, eu mando usar, mando fazer exame, pago do meu bolso, e mermo assim tão morrendo que nem mosca. Assim de repente – puf. A última o médico do Souza Aguiar perguntou se a mãe não queria deixar o cadáver por lá, porque era “fascinante.”
JC – Esse cara novo – como é que ele faz? Ele tem casa, já?
G – Não, trabalha na praia. Sacumé, com livro. Aí leva os caras pro apartamento das meninas. Tudo ali no cabeça de porco.
JC – Sei (coloca o copo no bar e vai embora
G – Mais um... vou ficar pobre mesmo...
Cena 5 – Praia de copacabana – JC andando perto duns coqueiros. Olha dois gringos falando com Mateus, que mostra um álbum a eles. Se aproxima. Intercalando JC andando e Mateus falando com os gringos, até que ele olha pra JC, fala algo e os gringos saem assustados. Quando JC chega perto,
Mateus (alterado) – Qualé, mermão? Já paguei pro delegado, quéisso, extorsão agora?
JC – Eu não sou da polícia...
Mateus – Tu num é cana - tá. E eu sou o Lula. Se não é cana, porquê que veio interromper o trabalho dos outros?
JC – Pois é sobre isso mesmo...quanto você cobra?
Mateus – Cadê o gravador?
JC – Já disse que eu não sou tira, cara.
Dois sujeitos, muito grandes, camiseta de time de futebol e sunga, cabeça raspada, chegam ao lado de JC.
Mateus – Quebra esse X9 e depois a gente vê o que faz com ele.
Capanga 1 – Mas chefe, e se ele for da Civil?
Mateus – Ué, se ele já disse que não é da polícia...
Os dois avançam sobre JC, que os evita na capoeira. Eventualmente, um acerta um soco, que derruba JC. “Tá bom, eu não queria ter que fazer isso...” O próximo soco do pitboy, é só tocado pela palma de JC, mas volta pingando sangue do pulso.
Capanga 1 (intacto) – Caralho, o cara é bruxo também!
Os dois saem correndo. JC tira a lâmina de navalha de entre os dedos e guarda de volta no cinto. Pensa “Cada vez mais interessante. Saber agora aonde o cara foi parar...
Cena 6 – prédio em Copacabana. Saguão. JC entrando no elevador, saltando num corredor comprido, cheio de portas. Bate no número 636. Abre a porta uma menina de shortinho e sutiã.
Menina – Que bom, um cliente bonito pra variar. (Vai pegando em JC)
JC – (meio evitando), hm, não, eu marquei com a...Bárbara.
Menina (resabiada) – Nñao conheço nenhuma Bárbara. Vai lá no fim que eles te chamam. Não quer fazer comigo não?
JC – Sem camisinha, né?
Menina – Claro, o chefe já disse que não precisa, que ele tem uns remédios. (pensativa) cê num tomou viagra não, né
JC – Tomei.
Menina – Ah, então pode ser a Bárbara mesmo, me livra desse horror dessa pilulazinha!
Cena 7 – Apartamento apertado, cheio de badulaques (abajures, tapetes...) Capangas enfaixando o braço do que se cortou. Toca a campainha. Capanga 1 atende a porta. JC do outro lado capanga, alarmado, recua. O outro puxa uma arma.
JC – Eu não usaria isso se fosse você.
Capanga 2 – Ele é bruxo, mermão, larga essa porra pelamordedeus, ele vai jogar um feitiço na gente
Capanga 1 – Bruxo num para bala, com o berro na mão eu sou mais eu (atira. JC se desvia, lhe dá uma rasteira, pega a pistola)
JC – Eu disse. Agora vou ter que atirar de volta... (Dá um tiro no braço já cortado) Agora enfaixa o seu amigo aí que eu vou fazer umas perguntas ao seu patrão.
Chega na sala seguinte, nua, apenas uma cadeira onde está uma mulher alta, também nua.
JC – Bárbara?
B – Você é meu santo? Eu imaginava mais alto. Chegue mais...
JC – Porra, você tá em perigo, menina. (close nas pernas da cadeira – pentagrama em verniz) Cadê teu patrão?
B – Achei que santo soubesse tudo.
JC – suspiro. Esquece. Sai pela porta lateral. No banheiro tem um sujeito de roupa de palha matando um galo, aponta pra JC. JC franze a sobrancelha, vê uma pústula aparecer na cara. “Merda.”
JC recua, o sujeito se levanta e aponta de novo “Karpofi”
JC estapeia as costas.
“Tuberculose”
JC cospe sangue
Mateus/Xapanña – Achou que era foda, né zifio. Eunós sousomos deusdacura. Doença de puta agora você vai pegapegar. (dança em volta de JC) Varíola gonorréia corrimento secreção. Cândida herpes ebola agá – i vê. Rê rê.
JC está pustulento no chão, se apoiando na parede um pouco.
Mateus tira a roupa de palha, a cara aparece em transe e volta ao normal, e chega perto do corpo prostrado.
Mateus – Achou que era foda, apavorou aqueles dois idiotas, agora se meteu com um macumbeiro de verdade tá fudido, né? Fala aí – quer alguma coisa antes de morrer? Charuto? (dá a JC um charuto )
JC – hnn- chalha. (Aponta)
Mateus – O quê? Quê que cê quer? (Olha na direção apontada) Um chapéu? E porque nñao? E um beijo – Bárbara meu amor, vem cá dar um beijo no teu santo.
Bárbara, assustada chega perto
B- O que você fez com ele?
Mateus – Passei todas as pragas das tuas coleguinhas. Pra isso que serve aquela roupa depalha horrível que meu tio me deu. Agora beija ele que ele te salvou a vida. Pera. Antes deixa eu por o chapéu que ele quer morrer de chapéu.
B – Assustada, beija. JC. Este morde seu lábio, derramando sangue sobre o chão. Revira os olhos.
Mateus – Melhor chamar o IML. Ô Chiquinho, seu imbecil, liga pro IML e avisa que tem uma entrega!
JC levanta , cambaleante, braços semiabertos
Mateus – Ei! Isso não é justo! Cê tá morto! Morto!
JC – Eunós não. Rê rie rê. Xapanã num morre, e foi tu que deu o chapéu. Rê rie rê, agora ymbundu felati naô aforu jagon malapá. (JC sara mas mantém a postura de enfermo) Sabe pra onde vão essas prags, filho? Eunósxapanã podemos jogar num rato. Mas você não pensou nisso, né?
Mateus – não, pelamordedeus!
JC – Mateus Rosa Silveira. (Aponta, com o braço mole)
Mateus derrete no chão, agonizando. JC vira a cabeça pra trá grgalhando, cai o chapéu, os olhos voltam ao normal.
JC, pra Bárbara – os empregados dele foram embora, agora. Nós que vamos ter que enterrar esse coitado desse imbecil.
B – Você não tem raiva dele?
JC - eu não. Raiva é pra quem merece.
B- Então porque matou ele?
JC – Xapanã é menos bonzinho. E devia estar cansado, o pobre diabo.
Cena 8 – cemitério dos inglese, à noite. JC de mangas arrega.adas completa uma cova rasa.
JC – Pronto. E você, vai fazer o quie agora?
B – Não sei. Puta de novo, acho que não. Tô com medo de doença.
JC – Vai virar modelo. Liga pra esse telefone.
B – Você não quer vir comigo pra casa? É aqui perto...
Os dois saem. JC joga, sem se virar, algo em cima de um sepulcro escrito em alemão. Close no objeto – é uma caixa de café “pajé.”
Cena 1 – cemitério dos ingleses, zona portuária, Rio de Janeiro
JC, sentado num túmulo, falando com o vazio
- ...agora tem uma coisa que eu ainda não entendi. Como diabo cê veio parar aqui?
- Hans. Um marinheiro alemão. Encontrei-o num antro de ópio, pouco antes de morrer. E soube, quando morri, que ele havia morrido aqui, vítima de uma tatuagem mal feita que infeccionou. Já que não ia subir nem descer mesmo...
- E o Hans?
- Apesar de viado e fumar ópio, foi pro céu. E eu fico preso na sepultura dele ao invés da minha, e com essa porra desse viaduto sinto cheiro de fumaça o dia inteiro. Você não teria um café aí, chá, alguma coisa que cheire?
- (levantando) Trago semana que vem...
Plano muda – Oscar Wilde olhando JC se afastar.
Cena 2 – JC, num supermercado, chá, café e baunilha em ampola na cesta. Toca o celular
- Fala.
- Tá
JC paga com um cartão de crédito escrito “Marcos J. Penteado.” Pôster de propaganda do cartão atrás com o mesmo nome.
Cena 3 – Terreiro. JC entra e vai falando com a mãe de santo enquanto cortam o cabelo de uma menina pra fazer o santo.
- Boa noite, dona Odete
- Boa noite, meu filho. Já comeu? (de lado) Traz comida pro nosso hóspede!
- A senhora tava preocupada, no telefone.
- Meu filho, preocupada é o de menos. Começou há três semanas. Desde então, ninguém mais recebe Xapanã. E o que é pior, sem ele já não se encontra cura pra manter vivo quem merece.
- Mas tem filho de Xapanã aqui?
- Mais de quinze. E num é só aqui. Acontece em outros terreiros também. Filho, orixá não morre...
- Estranho mermo. E a senhora acha que eu posso ajudar?
- Acho não, eu sei. Só abre o olho.
-
Cena 4 – JC num bar de uma boate, tipo Lido. Sujeito gorducho chega perto.
G- Hi brother
JC- Eu não sou gringo...
G- Desculpa, achei que era, num sei porquê.
JC- Tá. (volta a beber)
G- O amigo tá aqui só pra beber?
JC – Tava...
G- Não quer uma garota?
JC – Não pagando.
G – Do jeito que os negócios tão, quem vai ter que pagar vou ser eu, daqui a pouco. (Pega uma garrafa de uisque com o barman, se serve, abre a gravata)
JC- Coméquié? Não sabia que tinha rareado gringo atrás de puta nessa cidade.
G – Cliente ainda tem, o problema é outro.
JC – Quem?
G – Um cara novo aí. Diz que é da Bahia. As dele não cobram camisinha. As minhas, eu mando usar, mando fazer exame, pago do meu bolso, e mermo assim tão morrendo que nem mosca. Assim de repente – puf. A última o médico do Souza Aguiar perguntou se a mãe não queria deixar o cadáver por lá, porque era “fascinante.”
JC – Esse cara novo – como é que ele faz? Ele tem casa, já?
G – Não, trabalha na praia. Sacumé, com livro. Aí leva os caras pro apartamento das meninas. Tudo ali no cabeça de porco.
JC – Sei (coloca o copo no bar e vai embora
G – Mais um... vou ficar pobre mesmo...
Cena 5 – Praia de copacabana – JC andando perto duns coqueiros. Olha dois gringos falando com Mateus, que mostra um álbum a eles. Se aproxima. Intercalando JC andando e Mateus falando com os gringos, até que ele olha pra JC, fala algo e os gringos saem assustados. Quando JC chega perto,
Mateus (alterado) – Qualé, mermão? Já paguei pro delegado, quéisso, extorsão agora?
JC – Eu não sou da polícia...
Mateus – Tu num é cana - tá. E eu sou o Lula. Se não é cana, porquê que veio interromper o trabalho dos outros?
JC – Pois é sobre isso mesmo...quanto você cobra?
Mateus – Cadê o gravador?
JC – Já disse que eu não sou tira, cara.
Dois sujeitos, muito grandes, camiseta de time de futebol e sunga, cabeça raspada, chegam ao lado de JC.
Mateus – Quebra esse X9 e depois a gente vê o que faz com ele.
Capanga 1 – Mas chefe, e se ele for da Civil?
Mateus – Ué, se ele já disse que não é da polícia...
Os dois avançam sobre JC, que os evita na capoeira. Eventualmente, um acerta um soco, que derruba JC. “Tá bom, eu não queria ter que fazer isso...” O próximo soco do pitboy, é só tocado pela palma de JC, mas volta pingando sangue do pulso.
Capanga 1 (intacto) – Caralho, o cara é bruxo também!
Os dois saem correndo. JC tira a lâmina de navalha de entre os dedos e guarda de volta no cinto. Pensa “Cada vez mais interessante. Saber agora aonde o cara foi parar...
Cena 6 – prédio em Copacabana. Saguão. JC entrando no elevador, saltando num corredor comprido, cheio de portas. Bate no número 636. Abre a porta uma menina de shortinho e sutiã.
Menina – Que bom, um cliente bonito pra variar. (Vai pegando em JC)
JC – (meio evitando), hm, não, eu marquei com a...Bárbara.
Menina (resabiada) – Nñao conheço nenhuma Bárbara. Vai lá no fim que eles te chamam. Não quer fazer comigo não?
JC – Sem camisinha, né?
Menina – Claro, o chefe já disse que não precisa, que ele tem uns remédios. (pensativa) cê num tomou viagra não, né
JC – Tomei.
Menina – Ah, então pode ser a Bárbara mesmo, me livra desse horror dessa pilulazinha!
Cena 7 – Apartamento apertado, cheio de badulaques (abajures, tapetes...) Capangas enfaixando o braço do que se cortou. Toca a campainha. Capanga 1 atende a porta. JC do outro lado capanga, alarmado, recua. O outro puxa uma arma.
JC – Eu não usaria isso se fosse você.
Capanga 2 – Ele é bruxo, mermão, larga essa porra pelamordedeus, ele vai jogar um feitiço na gente
Capanga 1 – Bruxo num para bala, com o berro na mão eu sou mais eu (atira. JC se desvia, lhe dá uma rasteira, pega a pistola)
JC – Eu disse. Agora vou ter que atirar de volta... (Dá um tiro no braço já cortado) Agora enfaixa o seu amigo aí que eu vou fazer umas perguntas ao seu patrão.
Chega na sala seguinte, nua, apenas uma cadeira onde está uma mulher alta, também nua.
JC – Bárbara?
B – Você é meu santo? Eu imaginava mais alto. Chegue mais...
JC – Porra, você tá em perigo, menina. (close nas pernas da cadeira – pentagrama em verniz) Cadê teu patrão?
B – Achei que santo soubesse tudo.
JC – suspiro. Esquece. Sai pela porta lateral. No banheiro tem um sujeito de roupa de palha matando um galo, aponta pra JC. JC franze a sobrancelha, vê uma pústula aparecer na cara. “Merda.”
JC recua, o sujeito se levanta e aponta de novo “Karpofi”
JC estapeia as costas.
“Tuberculose”
JC cospe sangue
Mateus/Xapanña – Achou que era foda, né zifio. Eunós sousomos deusdacura. Doença de puta agora você vai pegapegar. (dança em volta de JC) Varíola gonorréia corrimento secreção. Cândida herpes ebola agá – i vê. Rê rê.
JC está pustulento no chão, se apoiando na parede um pouco.
Mateus tira a roupa de palha, a cara aparece em transe e volta ao normal, e chega perto do corpo prostrado.
Mateus – Achou que era foda, apavorou aqueles dois idiotas, agora se meteu com um macumbeiro de verdade tá fudido, né? Fala aí – quer alguma coisa antes de morrer? Charuto? (dá a JC um charuto )
JC – hnn- chalha. (Aponta)
Mateus – O quê? Quê que cê quer? (Olha na direção apontada) Um chapéu? E porque nñao? E um beijo – Bárbara meu amor, vem cá dar um beijo no teu santo.
Bárbara, assustada chega perto
B- O que você fez com ele?
Mateus – Passei todas as pragas das tuas coleguinhas. Pra isso que serve aquela roupa depalha horrível que meu tio me deu. Agora beija ele que ele te salvou a vida. Pera. Antes deixa eu por o chapéu que ele quer morrer de chapéu.
B – Assustada, beija. JC. Este morde seu lábio, derramando sangue sobre o chão. Revira os olhos.
Mateus – Melhor chamar o IML. Ô Chiquinho, seu imbecil, liga pro IML e avisa que tem uma entrega!
JC levanta , cambaleante, braços semiabertos
Mateus – Ei! Isso não é justo! Cê tá morto! Morto!
JC – Eunós não. Rê rie rê. Xapanã num morre, e foi tu que deu o chapéu. Rê rie rê, agora ymbundu felati naô aforu jagon malapá. (JC sara mas mantém a postura de enfermo) Sabe pra onde vão essas prags, filho? Eunósxapanã podemos jogar num rato. Mas você não pensou nisso, né?
Mateus – não, pelamordedeus!
JC – Mateus Rosa Silveira. (Aponta, com o braço mole)
Mateus derrete no chão, agonizando. JC vira a cabeça pra trá grgalhando, cai o chapéu, os olhos voltam ao normal.
JC, pra Bárbara – os empregados dele foram embora, agora. Nós que vamos ter que enterrar esse coitado desse imbecil.
B – Você não tem raiva dele?
JC - eu não. Raiva é pra quem merece.
B- Então porque matou ele?
JC – Xapanã é menos bonzinho. E devia estar cansado, o pobre diabo.
Cena 8 – cemitério dos inglese, à noite. JC de mangas arrega.adas completa uma cova rasa.
JC – Pronto. E você, vai fazer o quie agora?
B – Não sei. Puta de novo, acho que não. Tô com medo de doença.
JC – Vai virar modelo. Liga pra esse telefone.
B – Você não quer vir comigo pra casa? É aqui perto...
Os dois saem. JC joga, sem se virar, algo em cima de um sepulcro escrito em alemão. Close no objeto – é uma caixa de café “pajé.”
O Nome
É homenagem ao jornalista americano que, ao falar das Olimpíadas, mencionou a ginasta brasileira Daiane dos Santos, "que se apresentou ao som de Para Los Rumberos, de Tito Puentes."
Thursday, August 05, 2004
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