Wednesday, December 21, 2011

A caravana

Como montanhas de sombra que avançam
Lentamente
Ritmicamente
Pesadamente
As bestas da caravana,
como neve suja as vestes de seus mahouts.

Dessas massas, vastos cumulonimbos,
indistintos contra o poente,
apreendes: primeiro os sons
o passo surdo, ouvido em teu peito
tremente de chãos e assustador.
Os sinos de prata.
O resfolegar.
O ranger de couros e cordas.
Os quase humanos gritos dos mahouts.

Vês uma cordilheira passar por ti
No frio do deserto.
Não vês os homens que comerciam e mercadejam
Não vês as bestas que sofrem e sangram
Não vês, tanto quanto ouves
Grandes massas de som à tua volta.

Se foi, a caravana. E estás só.
No frio.
No deserto.

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