Tuesday, January 16, 2007

Quase traduzindo Baudelaire

O vinho reveste o pior pardieiro
de um luxo milagroso
Faz surgir mais de um pórtico fabuloso
Nos ouros de seu vapor rubro
Qual um sol se deitando num céu chuvoso

O ópio aumenta o que não tem fronteiras
Alonga o que não tem limite
Aprofunda o tempo, deixa a volúpia gigante
E de prazeres negros, mornos
Enche a alma para além do que nela cabe

Tudo isso não vale o veneno que escorre
De teus olhos, de teus olhos castanhos
Lagos onde minha alma se vê ao em espelho...
Meus sonhos vêm, uma multidão
Para se viciar nesses amargos canyons

Tudo isso não vale o prodígio terrível
Da tua saliva que morde
Que mergulha no esquecimento minh'alma, sem pesar
Que, carregando a vertigem,
A joga tropeçante nas margens da morte.

2 comments:

Anonymous said...

maravilha ....

Anonymous said...

gostei muito. Salùd!
(p.s.: gostei mto também, mas diferentemente, do Juò Bananere, que quase achei que fosse catalão...)
"Quase traduzindo" me faz pensar nesse poema, bonito, que minha mãe me transferiu por mail, como se fosse do V. Hugo, quando na verdade é de autor brasileiro. Levei maia hora na net pra esclarecer o assunto, êita povinho complexado!)