Porcarias de minha lavra e pérolas da lavra alheia. Quando tem tradução, é minha a não ser quando indicado.
Thursday, November 06, 2014
Notre Dame de Paris
Where a Roman judged a foreign people
A basilica stands and, first and joyful
Like Adam once, an arch plays with its own ribs:
Groined, muscular, never unnerved.
From outside, the bones betray the plan:
Here flying buttresses ensure
That cumbersome mass shan't crush the walls—
A vault bold as a battering-ram is idel.
Elemental labyrinth, unfathomable forest,
The Gothic soul's rational abyss,
Egyptian power and Christian shyness,
Oak together with reed—and perpendicular as tsar.
But the more attentively I studied,
Notre Dame, you monstrous ribs, your stronghold,
The more I thought: I too one day shall create
Beauty from cruel weight.
-Osip Mandelshtam
Tuesday, September 23, 2014
Imitation from the Edda
Old as the hills and more bare
my head, with its stony thoughts
cobweb-laced to the measure and thickness
of centenary lianas in womby jungles.
Old as stone my bones, and as stiff;
Brittle as chalk and whiter that wheat
chaffed by flails dangling from great hands.
Stringy ropes of tired muscle dangle
tying themselves into knots of knots
the pain a fog so thick you can feel it
(or could, had you nerves left to feel)
Elli, old age, vanquisher of gods
devourer of mountains, queen of private hells,
waits for you with bated breath
my head, with its stony thoughts
cobweb-laced to the measure and thickness
of centenary lianas in womby jungles.
Old as stone my bones, and as stiff;
Brittle as chalk and whiter that wheat
chaffed by flails dangling from great hands.
Stringy ropes of tired muscle dangle
tying themselves into knots of knots
the pain a fog so thick you can feel it
(or could, had you nerves left to feel)
Elli, old age, vanquisher of gods
devourer of mountains, queen of private hells,
waits for you with bated breath
Wednesday, August 06, 2014
Escatopoema
O sol é o cu de uma deusa.
Dele jorram copiosidades de lumínicas diarréias.
O mundo não foi criado, mas escarrado
e as placas tectônicas são, no gelatinoso tempo geológico
gosmas e crostas de catarro.
Cada torrão de terra
É merda em nossas mãos, gordura
Cagada por dinossauros, trilobitas
bactérias hadeanas. A fina pátina de putrescência
da qual somos ínfima parte.
E os deuses, em suas majestosas e mucosas cavernas
riem-se de cada banho
espojam-se nos barrancos
comem sôfregos nossa podridão.
Dele jorram copiosidades de lumínicas diarréias.
O mundo não foi criado, mas escarrado
e as placas tectônicas são, no gelatinoso tempo geológico
gosmas e crostas de catarro.
Cada torrão de terra
É merda em nossas mãos, gordura
Cagada por dinossauros, trilobitas
bactérias hadeanas. A fina pátina de putrescência
da qual somos ínfima parte.
E os deuses, em suas majestosas e mucosas cavernas
riem-se de cada banho
espojam-se nos barrancos
comem sôfregos nossa podridão.
Friday, May 02, 2014
Névoa
Haverá nevoeiros-brumas,
prenhes de cavaleiros e bruxas.
Nevoeiros opiáceos, loucos
de arrebatamento, dança, êxtase
Este meu é smog londrino
amarelo manchado como pele de velho.
Névoa de dores, névoa de medos
de cansaços irritados irritadiços culpados culpantes sem fôlego
sem resfolegos.
prenhes de cavaleiros e bruxas.
Nevoeiros opiáceos, loucos
de arrebatamento, dança, êxtase
Este meu é smog londrino
amarelo manchado como pele de velho.
Névoa de dores, névoa de medos
de cansaços irritados irritadiços culpados culpantes sem fôlego
sem resfolegos.
Wednesday, January 15, 2014
Dom inútil
Dom inútil, dom fortuito,
Por que a vida me foi dada?
E o destino, tão fortuito
A condena a um fim: o nada.
Que poder hostil, do pó
suscitou minha alma ardente,
e lhe deu paixão, mas só
dúvidas à minha mente?
Sigo a esmo, de ermo peito,
mente ociosa e, sem saída,
pesaroso, eu me sujeito
ao maçante som da vida.
AS Pushkin
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