Na solidão da tua ausência
Todas as coisas parecem, mutáveis
Querer virar símbolos, caçoando
Do aleijamento que é tua falta
Na solidão da tua ausência
Ouço longe uma serenata tristonha;
vejo o desenho de tuas costas,
sinto tua cintura em minhas palmas
Ouço o grito de um camelô
Vendendo maquiagens mentiras velhas,
talvez verdades, e na mesma hora
traço com o dedo tuas sobrancelhas
O mundo se transfigura, passo a
titubeante passo. Vira você.
Uma você retalhada, explodida,
refletida de mil cacos de espelho
Na solidão da tua ausência,
Cada lembrança a cada passo
a cada gesto, a cada sopro,
é apenas lembrança, não Gabriela.
E em cada lembrança, cada sopro
em cada passo e cada gesto,
a solidão da tua ausência
é como nervo exposto.
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