O ofício divino é árduo e jubiloso -
Diziam monges em monásticas vestes
andando silentes por seus mosteiros.
Procuravam a chave dum mais-que-mistério
Buscavam entender a luz que lhes cegava
Olhe, seus cenhos, carregados de rugas
os olhos, de tão apertados, quase somem.
O escrever dos monges transbordava de gestos
Este talha, à faca, de um cálamo uma pena
Aquele apaga a errada tinta - e sua borracha
é um dente de lobo engastado em prata.
E o cuidado do silêncio, do gesto, do trabalho
para os monges eram redes, cintos de segurança
para que não se perdessem na busca do mistério
para que, alcançando-o, não se imolassem em alegria.
...
Não sou monge, não tenho a honra do silêncio
Mas, na busca pelo teu mistério, olhando o tecer
dos fios do destino por teus assim magros dedos
me carrego igualmente de gestos, estes inúteis
e a ti de nomes, apelidos, títulos.
Como se assim me guardasse de me perder no teu mistério.
No comments:
Post a Comment